segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O retrato de Lucinda.




foto web


O lugar era um tanto assustador
Samambaias nas arcadas das janelas estilo coloniais
Quebravam o sentimento austero que fluía dali
Segui um tanto hesitante, mas bati na enorme porta de carvalho
Recebeu-me uma alva senhora
Tão alva que era transparente
Seu sorriso dizia que há muito estava só
E esperava com ansiedade por alguem
Apresentei-me, e ela também
Disse me chamar se Lucinda
Morava naquela casa desde o seu nascimento
Perguntou o motivo da minha presença ali
Eu um tanto inebriada pelo ar majestoso daquele lugar único
Tentei explicar da melhor maneira a minha presença
Eu seria a sua nova dama de companhia
Fui contratada por sua família para que a ajudasse
De inicio ouvi algo sobre sua vida quando jovem
Fiquei admirada como alguém, pode ter tido uma vida tão tranqüila e feliz
Apesar da idade, seus lindos olhos azuis, não tinham perdido a suavidade da cor do céu
Seus cabelos já prateados pelo tempo
Eram tão sedosos, que mais pareciam flocos de algodão
Sua voz já cansada pelos anos soava como uma voz de criança
Então vi a foto…
Sim, na gigantesca sala de entrada havia uma tela a óleo
Que retratava a mais bela jovem, que meus olhos puderam ver em toda minha vida
Sorridente ela me disse
Que aquela jovem era ela aos dezesseis anos
Eu nem escutava direito. embevecida que estava em tanta formosura
Foi ai que me dei conta de como a vida, è cruel quando a velhice chega
Aquela angelical jovem do retrato deveria ter sido o sonho, de muitos cavalheiros da sua época
Muitos teriam querido ser dono do seu coração
E ela teria causado inveja e admiração a muitas moças da cidade
Mas tudo passa e daquela magnífica criatura, só restava fisicamente uma senhora miúda e gentil
Há como a velhice e os tempos pesam nos nossos ombros
Roubando tudo que a natureza nos deu ao nascer
Saúde, beleza, elegância esplendor
Não resisti e notei duas lágrimas, ousadas rolando pelo meu rosto
Talvez ali eu estivesse vendo o meu futuro também
Ali naquele retrato
O retrato de Lucinda.


Anna Karenina

Nenhum comentário:

Postar um comentário