sexta-feira, 9 de abril de 2010

a partida


Mais uma vez olho as àrvores milenares
 Daquele sombrio bosque...
Sinto que elas se despedem de mim
Enxugo uma lágrima que em meu rosto rola
E parto em paz...
Já não sou mais criança e compreendo
 Que a vida é feita de partidas e despedidas
Já não choro mais...
 Mesmo as lembranças tomando conta de mim
Ouço o tropel dos cavalos
Atrelados a carruagem...
 Que me levarà para longe daqui
Longe de tudo, longe de mim mesma
Longe da alegria e da tristeza
Longe do que é concreto...
Já não pertenço a esse céu
Como sendo o meu teto...
Nem a nada que vive aqui...
Minha alma esgarçada
Pela dureza da natureza
 Segue muda sem um sim...
Jamais direi um não à vida
 Jamais direi um sim à partida
Nem cantarei mais a mesma canção
Agora sou visitante do deserto
 Morarei em tendas...
E comerei as tâmaras que colhi...
Vestirei uma longa túnica...
 Cingida nos lombos por uma fita de cetim
Sentirei saudades...
 Mas terei a humildade de agradecer
O que a vida fez por mim...



Anna Karenina

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