O ENIGMA DA ESFINGE

Jean Auguste Dominique Ingres, Édipo e a Esfinge, 1805.




HÁ DEUS, O CANSAÇO E A SEQUIDÃO
QUEBRAM MEUS OSSOS
JÁ NÃO TENHO MUITA ESPERANÇA
AFINAL JÁ NÃO SOU MAIS CRIANÇA
E LOGO SE CHEGA
A HORA DO ADEUS
COMO CORRENTES DE BRONZE
SINTO O PESO NOS PÉS
SOU COMO O ENIGMA DA ESFINGE
NO AMANHECER EU ESTAVA EM QUATRO PÉS
A ENGATINHAR PELAS VEREDAS DA VIDA
AO MEIO DIA ENCONTREI ME ERETA
COMO O CEDRO DO LÍBANO
A CAMINHAR PELOS CAMINHOS QUE ESCOLHI
AO ANOITECER ESTOU AQUI
COM MEUS DOIS PÉS E UM CAJADO
ENVERGADA COMO UM VELHO CARVALHO
APÓS TERRÍVEL TEMPESTADE
AGORA SÒ RESTAM
AS RECORDAÇÕES DA VIDA
DAS FLORES QUE NÃO SENTI O PERFUME
DAS FLORESTAS QUE NÃO EXPLOREI
DAS AGUAS CRISTALINAS
NAS QUAIS NÃO ME BANHEI
SÒ RESTA FRIO E SOLIDÃO
E O COMEÇO DE UMA AMARGURADA
NOITE DE INVERNO EM PLENO VERÃO
ESPERANDO O FIM DA VIDA




ANNA KARENINA